por Teresa Cristina Pereira Eugênio.
A prática da contabilidade social e ambiental remota aos anos 60/70 (Gray and Bebbington, 2001, Parker, 2005, Guthrie and Abeysekera, 2006), com maiores desenvolvimentos na década de 80 (Adams, 2004). Gray, (2002) refere que esta disciplina atingiu a sua maturidade precisamente em 1980 e em 1990 o tópico ambiente tornou-se o “talismã do mundo”. No entanto, o seu desenvolvimento estendeu-se de forma diferente pelo mundo.
Portugal assim como outros países da Europa despertou para esta temática no final dos anos 90, embora ainda hoje a maioria das empresas portuguesas esteja agora a dar os primeiros passos na divulgação da informação ambiental.
Este trabalho pretende ser um contributo para as empresas que têm por objectivo introduzir as matérias ambientais nos seus sistemas de gestão e contabilidade. Na base deste estudo esteve uma empresa que se dedica ao fabrico de portas e janelas em madeira situada na zona centro de Portugal. A recolha de evidência baseou-se na análise de documentação disponível na empresa relativa a dados ambientais e dados financeiros, recolha de elementos do sector, visitas à fábrica e reuniões com o responsável. Esta empresa não era certificada por nenhum sistema de gestão ambiental e no passado nunca tinha produzido e divulgado informação financeira de carácter ambiental.
Pretendemos com este estudo identificar as fases de um trabalho de recolha de informação prévia e de implementação de um modelo que possa ser aplicado a qualquer empresa na produção de informação financeira completa, onde constem os valores ambientais e de onde se possa fazer uma análise global da empresa como um todo, identificando o seu desempenho em termos de custos e proveitos ambientais.
1. Introdução
“I believe, act as one of the more persuasive arguments that the social and environmental accounting project is beginning to gain a maturity, depth and direction it has lacked for most of its history”. (Gray, 2002, p. 696)
Actualmente a contabilidade tradicional tem limitações no registo e contabilização de certas transacções ligadas aos impactos ambientais. Existe a necessidade de adoptar uma contabilidade ambiental que permita pelo menos a incorporação no sistema tradicional de todas as variáveis ambientais, de modo a que a informação contabilística reflicta as decisões que a empresa adopta em matéria ambiental. Não quer isto dizer que seja um sistema de contabilidade duplo. Pretende-se que as matérias ambientais sejam introduzidas no actual sistema contabilístico da empresa (ver Ferreira, 2005).
Foi nesta perspectiva que se elaborou o presente trabalho, constituído por um case study do qual apenas se apresenta um resumo. Este trabalho pretende ser um contributo em matéria de gestão e contabilidade dos impactos ambientais, embora conscientes das limitações por ser um tema ainda novo em Portugal, onde a bibliografia disponível sobre determinados aspectos é praticamente inexistente.
No entanto nos últimos anos o interesse sobre a publicação de trabalhos nesta área tem aumentado. Deegan, 2002 descreve os contornos da área de investigação da contabilidade social e ambiental referindo que vários journals estão mais receptivos à publicação de artigos nesta área. Podemos encontrar um número razoável de artigo sobre SEA (Social Environmental Accounting) em journals como: Accounting, Auditing and Accountability Journal, Critical Perspectives on Accounting,
Accounting, Organizations and Society, Journal of Accounting and Public Policy, entre outros. (Parker, 2005 e Gray, 2002).
Fonte: http://www.revistaiic.org/articulos/num1/articulo2_esp.pdf