por: Oscar Dalfovo;
Wanderleu Maçaneiro.
O serviço público brasileiro vem enfrentando sérias dificuldades com a
qualidade das informações que presta a comunidade. Este artigo tem o intuito de
abordar três possíveis causas: a primeira delas seria o baixo nível técnico dos
contadores públicos municipal, caracterizado principalmente na montagem dos
relatórios que são levados à apreciação de diversos grupos de usuários, sejam
eles: comunidade, fornecedores e políticos. A segunda razão poderia ser a
ausência da participação do contador numa equipe de desenvolvimento de softwares,
pois sabe-se que sem o conhecimento das leis que regem a contabilidade pública não
há informação confiável. E por último, a escassez na qualidade técnica das
empresas de informática que prestam serviços neste setor.
A chegada da informática no serviço público brasileiro a partir da
década de 80 trouxe grandes benefícios para esse setor, principalmente no que
se refere à rapidez com que a Contabilidade gera e publica seus balanços.
Observa-se que antes da Era da Informatização, a publicação desses balanços
(que compreendia um exercício financeiro, entre janeiro a dezembro) ocorria
sempre até o dia 31 de março do exercício subseqüente, dado ao considerável
volume de trabalho que esta operação demandava. Hoje, com o auxilio do computador,
é possível emitir qualquer tipo de relatório, do mais simples ao mais complexo.
A informática nas prefeituras contribuiu também para a melhoria da
comunicação interna e externa, os processos foram redesenhados, tornando-os
mais ágeis, eliminando-se retrabalho e desperdícios. Para Stoner e Freeman
(1999, p. 238) “[...] a comunicação é a chave para a coordenação eficaz. Quanto
maior a incerteza com relação às tarefas a serem executadas, maior a
necessidade de informação”. Além de o gestor público estar obrigado a prestar
contas de sua administração, ele cumpre também um papel social, pois interage diretamente
com o cidadão nas audiências públicas que ocorrem frequentemente em todo o Brasil
(Art. 9º, § 4º da LC 101 de 04/05/2000). Com o auxilio da informática, podemos
estar conectados (em tempo real) com quase tudo que acontece numa administração
pública, fornecendo-nos importantes subsídios para questionarmos aquilo que
julgarmos incorreto.
Se por um lado a tecnologia da informação vem contribuindo nesses
últimos anos para o aprimoramento do setor público municipal, fornecendo à
população informações precisas, com maior agilidade e transparência, a
qualidade técnica do servidor público não apresenta a mesma evolução. Um estudo
realizado por uma empresa catarinense de software, que atua em todo o
território nacional há mais de 20 anos, revela que esta deficiência acentuou-se
após a promulgação da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Quando ocorrem
mudanças na LRF, às empresas de informática precisam efetuar as alterações nos
softwares no menor tempo possível. Ocorre que junto a essas alterações surgem
muitas dúvidas de nível contábil, e não se pode contar com a ajuda de um
contador de prefeitura para saná-las.
Conforme Silva (2002), com a promulgação da LRF tem-se aprofundado
continuamente nos estudos relacionados à execução do orçamento, no dever do
cumprimento das metas fiscais e de todos os fenômenos ligados a gestão pública,
porque a população brasileira também está atenta a essas informações.
Observa-se também que existe a preocupação de tornar claro aos olhos
do cidadão o que de fato está acontecendo nas contas públicas - usar de transparência
- e o meio mais fácil será a utilização de Sistemas de Informações Gerenciais
(SIG). Softwares bem elaborados poderão ajudar a administração pública a
encontrar seu norte, pois quanto mais estruturado e transparente for um governo
na definição e aplicação de suas metas, maior credibilidade ele terá. Ocorre
que nem sempre a administração pública está capacitada de contadores que atendam
a esta demanda. Caberiam então às universidades preparem melhor este
profissional?
Infelizmente o ensino superior das Finanças Públicas é normalmente
limitado ao estudo das questões orçamentárias e fiscais, ficando a
Contabilidade Pública ou Governamental limitada a um breve resumo de contas e
lançamentos, com o objetivo final de apenas servir de base à prestação de contas
que todo governante se vê obrigado a apresentar. No entanto a Contabilidade
Governamental não pode ficar adstrita somente ao objetivo de prestação do governo,
ela deve ainda pesquisar alternativas que auxiliem o processo decisório, como a
transparência dos demonstrativos contábeis e financeiros, onde os cidadãos
possam compreender a ação dos governantes.
Esses fatos nos mostram que há algo a ser feito, principalmente na
Gestão das Metas Públicas. O gestor público necessita repassar a sociedade
qualidade nas informações, e isto não é tarefa apenas dos grandes municípios,
pelo contrário. Nos municípios menores a carência de pessoal qualificado é
maior, o que a torna mais vulnerável ao desperdício, desvios e má aplicação dos
recursos públicos. Está mais do que provado que o contador deverá estar atento
às exigências legais, para que ele possa fornecer tanto para o gestor público
como à sociedade, informações claras e precisas, pois a informação é o produto
mais valioso da tecnologia da informação. De acordo com Dalfovo (2000, p. 2),
“Quem tem informação é mais competitivo”.
A Contabilidade Pública não pode ser
simplesmente uma fonte de entrada de dados para fornecer informações aos demais
setores da Administração, pois à medida que essas informações forem sendo
repassados e utilizados pelos demais membros da administração, suas tarefas
tornam-se mais úteis e valorosas, havendo às vezes a necessidade de muitos
profissionais terem que renovar seus métodos de trabalho para que o processo de
tomada de decisão atinja a efetividade (SILVA, 2002).
O objetivo deste artigo foi trazer à luz os problemas e possíveis
soluções enfrentados pelos profissionais da área pública, mais especificamente
o contador, que após a aprovação da LRF enfrentam dificuldades na coleta,
interpretação e repasse das informações ao cidadão.
Para este trabalho, a revisão da literatura, se organiza em três eixos
básicos: A Contabilidade Pública no Brasil, Sistemas de Informação (SI) e a
Tecnologia da Informação como suporte ao Setor Público.
Fonte:
http://unimestre.unibes.com.br/rica/index.php/rica/article/viewFile/86/81
1 comentários:
Boa tarde caro Senhor.
Blog muito rico em material sobre a contabilidade, aborda várias áreas desta ciencia, gostei muito, parabéns pelo seu trabalho, quando puder poderia postar material sobre contabilidade social.
Grato
Alcidez Costa Caxias
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