por Jorge São Marcos
Paulo Naia
A Contabilidade Analítica incide prioritariamente na valorização dos
fenómenos internos empresariais, preocupando-se com o registo de encargos e
proveitos por função, por actividades e pelos produtos.
Em Portugal, durante muitos anos a Contabilidade Analítica foi
denominada contabilidade de Custos, pois o registo dos custos por função,
actividade e produtos, a sua análise, controlo e previsão foi e, contínua a
ser, o “núcleo duro” da Contabilidade Analítica, na generalidade das empresas
que a implementaram.
Aliás, nas considerações técnicas do actual Plano Oficial de
Contabilidade (POC) Português, aprovado em finais de 1989, diz-se:
“É cada vez maior o
número de empresas que implementam subsistemas contabilísticos de contabilidade
interna, analítica ou de custos” (Decreto-Lei nº 410/89).
Actualmente, já se começa a utilizar o conceito e a denominação de
Contabilidade de Gestão, contudo mais nos meios académicos.
A Contabilidade de Gestão seria um desenvolvimento da Contabilidade de
Custos, numa óptica mais globalizante; será uma informação para a administração
das unidades empresariais, não incidindo apenas nos custos, mas também nos
proveitos, e nas massas patrimoniais.
Evidentemente, que esta evolução na generalidade das empresas
portuguesas que implementaram uma Contabilidade Interna não é uma realidade. No
tecido empresarial português é importante começar a generalizar-se a
implementação da Contabilidade Analítica.
Por isso as obras actuais que falam na Contabilidade de Custos ou
Analítica dizendo que é tradicional, e
dando relevo à Contabilidade de Gestão, têm por base muitas vezes a evolução
vivida nas fortes empresas Norte Americanas, Japonesas e dos países mais
desenvolvidos na União Europeia.
O horizonte temporal da Contabilidade Analítica tem vindo a incidir em
factos passados.
Porém, esta contabilidade, dado estar cada vez mais ligada à
contabilidade de custos e de proveitos pré–determinados, passou a ter um novo
horizonte temporal mais próximo da actualidade, visto ter de se preocupar
constantemente com desvios entre factos verificados e registados e previsões
efectuadas.
A Contabilidade Analítica pretende atenuar as insuficiências da
Contabilidade Geral, também denominada Contabilidade Financeira, enquanto
utensílio de gestão. Por outras palavras, a Contabilidade Geral embora sendo
essencial, sendo imprescindível, para se levar por diante uma gestão racional,
carece de operacionalidade na planificação, no controlo e na tomada de decisões
pelos gestores e empresários.
A Contabilidade Geral não possibilita as informações relativas às
funções internas desenvolvidas nas unidades económicas, nem com a assiduidade
que cada vez mais se exige. Contudo, como foi dito, a Contabilidade Geral é
fundamental para a gestão da empresa, pois permite analisar a evolução do seu
património e determinar o resultado conseguido pelas actividades desenvolvidas.
Mas a informação específica sobre a produção, os custos, proveitos
imputáveis às diferentes funções, departamentos, secções, postos de trabalho e
sobre o processo produtivo, são fornecidas pela Contabilidade Analítica de
Exploração.
Com o progressivo crescimento, diversificação e especialização das
tarefas realizadas dentro das unidades empresariais durante os últimos anos de
intensa internacionalização de capitais, a Gestão passa a sentir uma maior
necessidade em conhecer rapidamente a pormenorização dos custos. E “uma de las
funciones básicas de la Contabilidad de Gestión, consiste en controlar los
costes y La producción para que la gerencia pueda identificar las áreas
problemáticas y adopte, si procede, acciones correctoras” (AECA, 1996, p. 101).
Porém, este detalhe económico incide sobre o desenvolvimento de cada
uma das várias actividades, de cada um dos centros de responsabilidade, de cada
uma das suas famílias de bens produzidos, dos diferentes produtos e dos
serviços prestados.
Mas a Contabilidade Analítica não só pode ficar-se pelo estudo dos
aspectos internos da empresa. Este sub-sistema contabilístico tem de passar a
interessar-se cada vez mais, pelos mercados e canais de distribuição
possibilitando a realização de estudos sectoriais de rentabilidade comercial e contas
de exploração elementares, actividade por actividade e segmento de mercado por
segmento, zona geográfica por zona. (Margerin, 1990).
Os registos viabilizados pela Contabilidade Analítica derivam das
operações realizadas dentro da empresa (industrial, comercial, financeira ou de
serviços). Esta Contabilidade preocupa-se com a reclassificação dos custos e
dos proveitos por destino, ou seja, pela sua imputação às funções, às actividades,
aos departamentos, aos centros de análise ou às secções produtivas.
Os diferentes métodos de cálculo de resultados obtidos pela
Contabilidade Analítica, dividemse em dois grandes grupos, face à competência
dos factores produtivos num método de Absorção, ou de Contribuição.
O primeiro tipo de análise – de Absorção - enquadra-se na afectação e
imputação de custos aos produtos, situação esta mais verificada nas empresas
portuguesas com Contabilidade Analítica.
Fonte:
http://www.observatorio-iberoamericano.org/paises/spain/art%C3%ADculos%20diversos%20sobre%20contabilidad%20de%20gesti%C3%B3n/I%20Encuentro%20Iberoamericano%20Cont.%20Gesti%C3%B3n/Otros%20Temas/SaoyNaisa.pdf