por Adriano Zan
O racionalismo popperiano emprega que uma teoria deve ser provada ou
refutada empiricamente, esta é uma das principais características de uma
ciência. A escola econômica neoclássica está baseada em várias hipóteses, uma
delas é quanto à eficiência dos mercados, propagada também por Fama (1970),
quando afirma que os preços refletem todas as informações disponíveis no
mercado. As provas quanto à cientificidade dos argumentos neoclássicos, até o
presente momento, não foram conclusivas, e Samuelson (1965) utiliza provas
baseadas em dados coletados arbitrariamente para sustentar este argumento.
A mesma linha crítica de raciocínio é proferida por Lucas (2003) ao
afirmar que existe distância entre a Contabilidade Gerencial e a sua prática no
mercado. Além disso, o mesmo autor constata que as pesquisas empíricas que
validam o modelo neoclássico, principalmente em relação ao preço, são fracas e
falhas em termos metodológicos.
A economia neoclássica influencia a contabilidade em todos os seus
ramos, inclusive o gerencial. Vários teóricos afirmam que uma das únicas
limitações sobre o uso dos artefatos da Contabilidade Gerencial é o custo
versus o benefício, como pode ser visto em Anderson et al. (1989) e Horngren et
al. (2004). A relação custo versus benefício parece estar baseada na suposição
da existência do homo economicus, ligada à racionalidade econômica do homem,
outro preceito da teoria neoclássica. No entanto, vários artefatos de
Contabilidade Gerencial que obedecem o preceito neoclássico não são implantados
nas organizações como esperado pela literatura.
O presente artigo busca incluir outros ingredientes à análise da
prática da Contabilidade Gerencial, além dos preceitos tradicionais propagados
pelo neoclassicismo. A racionalidade econômica tem servido para explicar
diversos fenômenos logo, não se trata de ignorar as contribuições de tal
escola, mas sim reconhecer as críticas e incorporar novas visões às práticas
gerenciais. As organizações e seus agentes reagem aos estímulos institucionais,
a reação é um exemplo de como fatores adversos à visão neoclássica tradicional
podem alterar as práticas organizacionais.
Considerar a influência das variáveis políticas, sociais,
organizacionais e econômicas é uma característica da teoria institucional. Tais
variáveis são importantes também no recente desenvolvimento da contabilidade,
conforme retratado por Herbert apud Most (1977) quando destaca que
interdisciplinaridade, comportamento humano e relações de poder estão presentes
na contabilidade contemporânea.
Os mesmos aspectos (políticos, sociais, organizacionais e econômicos)
são abordados de maneira direta pela teoria institucional, tratada, entre
outros, por Scott (2001). Tal teoria serviu como pilar de sustentação teorética
e é discutida na revisão da bibliografia. O trabalho engloba aferir evidências
empíricas sobre o uso de artefatos de Contabilidade Gerencial nas grandes
empresas sob a ótica institucional.
Fonte: http://www.intercostos.org/documentos/Zan.pdf
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