por Carlos Pereira de Souza
No período destes últimos anos, a sociedade brasileira vem passando por
inúmeras e profundas mudanças. Estabilização econômica, abertura da economia
visando expor o parque industrial brasileiro a graus de competição mais
elevados e , as propostas de reformas estruturais na busca de maior equilíbrio
das contas públicas, certamente deve se considerar como exemplos marcantes de
um novo período. No entanto, algumas necessidades de mudanças, particularmente
na questão da melhor distribuição da renda, permanecem no anseio dessas
mudanças, malgrado o projeto Fome Zero. Neste aspecto o Brasil é o país que tem
apresentado as piores condições de distribuição da renda, se comparado a outras
nações do mundo. Apesar deste intenso processo de crescimento econômico o estado
não conseguiu, ainda, produzir uma distribuição de renda mais justa. Uma série
de problemas sociais tem sido gerada por essa situação, exigindo o engajamento
efetivo de todos os setores da sociedade.
Ainda que esses problemas incomodem uma parcela significativa da nossa
população, parece que não se tem conseguido transformar esse sentimento numa
participação efetiva de todos para reverter esse quadro. Pode-se dizer que até
a própria teoria econômica tem fornecido algumas evidências para que se
explique esta situação, revelando que muitos agentes econômicos, quando tomam
decisões relativas ao poder e a riqueza, o fazem desconsiderando um bem-estar
social maior, procurando maximizar benefícios próprios. Por outro lado, em
termos de comportamento de mercado, revela-se que apesar dos sistemas
apresentarem séries vantajosas quando estimulam os agentes econômicos no
desenvolvimento de estratégias produtivas mais eficientes, não transferem os benefícios esperados para todos
os segmentos da sociedade.
Aqui, quando os mais distintos problemas sociais e a busca de soluções
são abordados, logo se revela a crueza do comportamento econômico, cujo
protagonista é o estado. É muito comum encontrar-se críticas apontadas para
esse lado pela sua interferência na economia do país. Pode-se dizer que no
Brasil o governo é o responsável por todos os problemas e, por outro, o grande
salvador na solução de todos os problemas sociais e econômicos.
Será que, se cada participante deste quadro, ao refletir sobre qual a
decisão a ser tomada frente a qualquer problema mais importante, considerasse
alguns aspectos de interesse da sociedade de maneira mais ampla, os resultados
não poderiam ser melhores, não apenas para o estado, empresa, mas principalmente
para a sociedade ?
Desta forma, pode-se colocar esta questão de forma mais direta. Quais as responsabilidades
sociais de todos num país como este? Certamente, seria a partir deste conceito
que se pode delinear estratégias comportamentais mais justas. Esse é o objetivo
deste trabalho, ao abordar alguns temas polêmicos do quadro social brasileiro e
da participação do profissional contabilista, também como ator responsável no
cenário das transformações contemporâneas.
Fonte: http://www.ccontabeis.com.br/conv/t29.pdf
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