por: Cleide Fátima Moretto
A temática do capital humano, embora tenha apresentado maior destaque
na atualidade, sempre acompanhou o processo de construção da teoria econômica.
Ao mesmo tempo que o trabalho evidencia a importância do capital humano às
análises modernas sobre o crescimento e o desenvolvimento econômico, busca
discutir sobre a crítica do precursor da teoria do capital humano (Schultz) à
análise econômica tradicional e as suas limitações. Conclui que, de forma
implícita ou explícita, tanto na análise dos clássicos como na dos marginalistas,
já havia a preocupação, percebida por Schultz como ausente, acerca da homogeneidade
do capital e dos fatores que alteravam o estado das artes do emprego dos insumos
de produção.
A compreensão da teoria do capital humano no âmbito da ciência
econômica implica, necessariamente, a junção de dois vetores: de um lado, o
resgate das contribuições de Schultz e Gary Becker, além de outros estudos mais
recentes, os quais procuram demonstrar a estreita relação entre o capital
humano e o desenvolvimento; de outro, a reavaliação do espaço que tal noção
ocupa na análise econômica tradicional. Nesses termos, identificar as nuances
dessa presença não significa, apenas, fazer jus às importantes contribuições de
Schultz e de seus seguidores à teoria econômica e à análise do crescimento e do
desenvolvimento econômico, mas representa, sobretudo, apesar das imprecisões
analíticas, a demarcação da própria gênese da teoria do capital humano com a
emergência da ciência econômica.
O objetivo do presente trabalho, portanto, não se limita a evidenciar
a importância da teoria do capital humano às análises econômicas modernas ou ao
seu valor no âmbito dos estudos econômicos. Busca-se, também, discutir os
principais elementos da crítica de Schultz e suas limitações à teoria econômica
tradicional, especificamente à questão da homogeneidade do capital e ao estado
das artes do emprego dos fatores de produção. Acredita-se que, com esta
análise, se possa, a um só tempo, cobrir as lacunas existentes no processo de
consolidação da teoria do capital humano e favorecer uma melhor compreensão da
problemática em questão.
Para tanto, num primeiro momento, faz-se uma síntese sobre a
trajetória tomada pela teoria do capital humano, da problematização que
inspirou as investigações nas décadas de 1950 e 1960 até a sua aceitação na
atualidade. Em seguida, investiga-se o objeto de estudo das análises clássica e
marginalista, especificamente no que se refere à homogeneidade e à constância
dos fatores de produção e às suas relações com a crítica schultzeriana. Por
fim, apresentam-se algumas considerações finais como fechamento e indicação de
possíveis ou novos estudos. Convém salientar que o presente trabalho, em nível
de revisão bibliográfica, não esgota as fontes e as opções de referência;
trata-se de um primeiro apontamento sobre o tema, que pode, por isso, ser
ampliado.
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