por Prof. Dr.Eliseu Martins
Muitos dos conceitos básicos utilizados na Contabilidade de Custos são
bastante aplicáveis às empresas comerciais. Tanto os conceitos por trás da
tradicional visão dessa matéria quanto os mais modernos (muitas vezes melhores
estes do que aqueles, muitas vezes não - dependendo da forma com que são
utilizados e também dos objetivos almejados).
Neste pequeno trabalho estamos apresentando como é que conceitos
simples há muito
tempo presentes na Contabilidade de Custos Industriais podem também
ser usados, e com bastante utilidade, numa Contabilidade Comercial Gerencial.
Por ouro lado, muitos conceitos da Contabilidade Gerencial ou mesmo da
Contabilidade Financeira (ou Geral) estão aqui sendo trazidos e mostrados como
também poderiam ser abarcados pela Contabilidade de Custos.
Os conceitos básicos aqui utilizados são os seguintes:
• UMC - Unidade Monetária Contábil: ao invés de se trabalhar com
Reais, Dólares ou qualquer outra moeda sujeita a inflação, mesmo que pequena,
utiliza-se essa moeda (como se utilizava a UFIR, por exemplo, no Brasil), a fim
de que se possam ter comparações por longos espaços de tempo.
• Valor Presente: em função do valor do dinheiro no tempo, com ou sem
inflação, todos
os valores são ajustados a seu valor presente (aplicável principalmente
aos valores prefixados, tais como fornecedores e outros).
• Custo de Permanência: um rudimento do conceito de custo de
oportunidade (numa aplicação muito singela desse conceito, que deixa a desejar
mas é um ponto inicial para melhores desenvolvimentos posteriormente) pela
aplicação de recursos em estoques, representando o encargo financeiro pela sua
manutenção.
• Receita Financeira Comercial: Valor dos juros reais (excedentes à
inflação) embutidos nas operações de vendas a prazo.
• Despesa Financeira Comercial: Idem, relativamente aos juros reais
nas operações de compra.
• Lucro Direto: conceito baseado na margem de contribuição.
• “GMROI”(“Gross Margin - Return on Investment”) ou Retorno Sobre o
Estoque: conceito de retorno sobre o investimento que considera a relação do
lucro bruto com o investimento em estoques; neste caso, com a substituição do
conceito de Lucro Bruto pelo de Lucro Direto. Conceito a ser melhor detalhado.
• “Mark-on” ou Marcação Bruta: Margem Bruta a partir do Custo da
Mercadoria Vendida (e não a partir do Valor de Venda); ou seja, relação Venda
Bruta ÷ Custo da Mercadoria Vendida. (Note-se que Margem de Lucro Bruto é o
inverso: CMV ÷ Venda.) Neste trabalho, será utilizada uma versão adaptada, a ser
vista à diante.
• Custo do Espaço: Imputação de Custos a um produto, seção etc. em
função da utilização de um dos dois maiores fatores de restrição na empresa
comercial: o espaço.
• Custos Imputados: Uso novamente do conceito de custo de
oportunidade, no caso de utilização de bens próprios ao invés de terceiros
(aluguel, arrendamento etc.); no caso extremo, a figura dos juros sobre o
capital próprio.
• Despesas Variáveis: Todas aquelas vinculadas efetiva, direta e
proporcionalmente à receita de venda, englobando não só comissões de
vendedores, aluguéis e arrendamentos proporcionais ao faturamento mas também
uma razoável estimativa de perdas nas vendas a prazo.
Esclarecimentos melhores do uso desses conceitos e outros serão
discutidos ao longo da
apresentação do tema.
Muitos desses conceitos obviamente não são, repetimos, privativos da
Contabilidade de
Custos e, alguns deles, os relativos principalmente à UMC e ao valor
presente, são totalmente emprestados da Contabilidade Geral (ou Financeira) mais
analítica; no caso brasileiro, são emprestados da denominada Contabilidade à
base da Correção Integral. Apesar da baixa inflação atual, esse conceito
continua sendo válido principalmente para fins de análise gerencial.
Fonte: www.bibliotecadigital.unicamp.br/document/?down=88
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